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sábado, 17 de dezembro de 2016

Tem de ser incondicional

A seqüência de decepções tava grande, aquela guitarra tava demais no meu ouvido.  Corri pra todos os lados que pude, mas o som do Oasis me trazia de volta. Talvez eu só precisasse me encontrar ou encontrar uma amiga pra me dizer que também andou ouvindo aquele som... Eu estava tão cansada de tudo aquilo, que instantaneamente convidei um cara que havia conhecido num desses aplicativos pra sair. E fui.
Aonde poderíamos ir?
No nosso bar, lógico.
Eu queria que o mundo visse que nem só de guitarras e cervejas, uma mulher pode ser feliz.
Então pontualmente às 21h aquele cara da internet tava me esperando no local combinado, e ele era lindo. Ele era divertido. Ele era alto e eu cabia perfeitamente no seu abraço.
Extremamente confusa sobre o que estava acontecendo, eu já não conseguia olhar nos olhos dele porque me sentia culpada. Eu coloquei o cara mais legal que eu tinha conhecido nos últimos meses, numa jaula pra ser devorado por todos os amigos daquele guitarrista.
É engraçado como agimos imaturamente, repetidas vezes, e ainda assim não aprendemos nada.  Eu aprendi nessa noite.
Era pra ser só mais um carinha bonitinho, era pra ser só mais um cara desses que chegam e partem sem fazer a menor diferença. Mas ele quis me trazer em casa... Um carro, uma rua vazia e duas pessoas adultas, o que aconteceu? Nada.
- Precisa ser especial. Não vai ser aqui...
Na minha cabeça tão fodida de tudo, e no meu coração tão cheio de mágoas e inseguranças, a única coisa que consegui pensar era que ele não tinha gostado de mim, não teve química e a gente não vai se ver mais.
No dia seguinte eu acordo e aquele moço já tinha me dado bom dia, perguntado se eu tinha dormido bem. Aquela coisa fofa clichê que todo mundo ama. Em pensar que eu quase desisti dele por não acreditar que ele estava indo dormir cedo sexta feira à noite.
Ainda nesse dia eu resolvi sair com minhas amigas, queria um tempo pra entender o que tava acontecendo, que surpresa era aquela.  E ele foi lá, ele foi conhecê-las, foi me abraçar, foi me fazer sorrir.  E a noite especial aconteceu, o café da manhã mais lindo, tudo diferente do que eu imaginava.
Os dias foram passando e a sensação de pertencimento era enorme. Saber o que o outro pensava, contar histórias como se nos conhecêssemos há anos. Sabe quando você tem a sensação de urgência da pessoa? Quando você não consegue ficar muito tempo sem contato? Quando você encontra alguém com quem tem vontade de dividir as idéias, os planos. Alguém que você não tenha qualquer tipo de problema com o passado e confie incondicionalmente? Esse era o meu chicletão.
Um cara que topava as maiores loucuras do meu lado, que atravessou o Rio de Janeiro pra ir num festival que ele não gostava. Um cara que me levou pra conhecer o melhor amigo, o casal de compadres, a afilhada, a vó, o vô...  Que entrou na minha casa abriu minha geladeira e conseguiu por algum tempo ver que a vida podia ser leve. Que amor não faz ninguém sofrer.
Um dia desses a gente foi na casa dos outros avós, e num momento de distração a avó meio que em segredo disse “ainda bem que ele te conheceu”.
Todo mundo tem um passado. Ele também.
O meu papel nessa história nunca foi tampar um buraco, porque esse buraco era fundo demais... Estar no fundo do poço não é escolha, sair de lá sim.
Já faz alguns dias que esse chicletão virou bola e explodiu. Voou pedaço pra tudo que é lado... Todo mundo se feriu nessa. O passado se fez presente, e essa é uma decisão que eu não posso mudar.
Eu tenho todas as provas do mundo pra fazer com que ele volte, mas eu também tenho todas as certezas da vida que eu não vou precisar usá-las.
Amor não é caridade. Amor não pode ser moeda de troca.
Eu aceito a dúvida e aceitaria qualquer pedido de desculpas, ninguém se limpa de um vício tão fácil, afinal eu to aqui ouvindo Wonderwall.
Mas eu não aceito que a condição pra tê-lo de volta seja essa.
Eu não aceito que tenha uma condição.                            

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