Passou o dia comemorando uma data importante com a minha
família e no fim da festa não queria ir embora. Mas foi.
Pela primeira vez em meses eu o vi indo embora e me senti
inteira, não era mais uma parte de mim sendo arrancada. Consegui deixa-lo partir
sem dor, consegui deixa-lo partir sem chorar depois, sem lutar contra, sem
desrespeitar o meu coração.
Ele passou um dia ao meu lado e foi como um dia qualquer,
nunca um alguém qualquer, mas um alguém que chega e parte e já não causa mais
estragos.
Ele não entendeu a facilidade com que o deixei ir, exitou
por um momento, sorriu... E desceu as escadas olhando para trás, como num
filme, esperando que eu corresse atrás, que gritasse pra ficar. Está tão
acostumado a me ver implorando por ele que se garantiu na certeza de que eu
apenas estava “me fazendo difícil”. E eu não estava. Não dessa vez.
Ligou infinitas vezes... Hora pra dizer que estava com
saudades, hora pra perguntar se podia vir dormir no sofá da sala. Ligou tantas
vezes que meu celular descarregou.
Cansei dele vir fazer o serviço sujo e sumir.
Cansei das frases prontas do tipo “você merece alguém
melhor”, “você foi a melhor”, “eu não sei o que você viu em mim”. CANSEI!
Até que surge um novo dia, e ele decide finalmente me pedir
pra voltar. Era tudo o que eu mais queria ouvir nesses longos meses, era o que
eu sonhava todas as noites sem exagero. Mas depois de tanta dor hoje eu parei e
fiquei pensando no que ele estava me propondo e comecei a lembrar do quanto
esse cara bagunçou minha vida, do quanto eu sofri na sua frente e ele não teve
compaixão. Se um cara não te respeita como mulher, não vai te respeitar de
forma alguma.
Não vamos dar certo!
E admito que mesmo sabendo disso tudo, não é pelo que
vivemos, pelas magoas e lembranças. É pelo amor próprio que deixo de ter, é
pela anulação dos meus dias.
Não vamos dar certo pela pessoa que eu me torno ao lado dele.