Agora me diga você, que vive contraído por causa das pressões sociais, das expectativas alheias, das idéias absurdas de perfeição que foram colocadas na sua cabeça, como é que ainda não se permitiu a conquista do erro? Está aí a chave para uma vida, senão mais feliz, ao menos mais divertida. Porque é do erro que surgem novas soluções. Os desacertos nos movimentam, nos humanizam, nos aproximam dos outros, enquanto que o sujeito nota 10 nem consegue olhar para o lado, não pode se desconcentrar um minuto sob pena de ver seu mundo cair. O mundo já caiu, baby. Só nos resta dançar sobre os destroços. A escritora e filósofa francesa Chantal Thomas certa vez disse que na sociedade moderna há muito lazer e pouco prazer. O fato de você estar passeando, nadando ou comendo não significa que está tendo prazer, talvez esteja apenas obedecendo as leis severas do "tempo livre". O que há de divertido em reservar uma mesa num restaurante da moda para daqui a três meses, em enfrentar filas intermináveis para ver uma exposição de um artista que você nem sabe quem é, em comprar uma bolsa caríssima que logo será vendida a dez reais no camelô e em praticar a ginástica do momento para não ficar desatualizada? Tudo isso são solicitações culturais, imposições de fora. O prazer está na invenção da própria alegria.
(Martha Medeiros - Doidas e Santas)
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
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