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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Eu não sou de carne e osso

Me tirou muito mais que o sossego. Me levou s noites de sono, o sorriso no rosto e a vontade de se apaixonar novamente.
Tirou de mim a vontade de escrever, hora porque estava feliz demais, hora porque o sofrimento não deixa.
Ficou pra traz todos os abraços que ganhei, todos os "até logo" que não chegaram a ser... Deixou somente uma fotografia do fim e uma caneta.
Não tiro a razão de quem me diz que sofri muito por tão pouco, por ter sido pouco o tempo também. Eu sei que foi. Mas ninguém me ensinou que tempo mede intensidade, que tempo mede sentimento. Só eu sei o peso dos meus sentimentos. E não me falaram também o quanto dói perder quem a gente ainda quer tão bem.
Levou a minha esperança por dias de calma, e ele sim os terá.
Ficou comigo a certeza de que nada vai mudar, nem aqui... Nem lá.
Ninguém entende que eu não sou de carne e osso.
Sou coração e palavras, sou caneta e papel.
Sozinha eu me entendo e me aceito melhor... 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Vai passar

(..) Quem vai velar por mim depois que você foi embora?
Sobrevivo assim a maior parte do tempo.
Quando ando pela rua, reviso os bolsos, fraquejo com a memória, me assusto com as coincidências. Saio de casa com a impressão de que deixei a cafeteira ligada, a porta destrancada.
Qualquer atitude esconde sua ausência. Todo lugar que já estivemos me rebobina. Olho, e me perturbo. São observações aleatórias, coisas que diríamos.
De tanto antecipá-la em pensamento, hoje minhas palavras me atrasam.
Nem dormindo não tenho paz. Eu me acordo cinco vezes por noite. Consulto o relógio a cada duas horas até amanhecer. Despertar é uma vitória, como uma festa ruim que dependemos de carona.
Antes explicava para as pessoas que estava separado. Agora cansei. Se me perguntam de sua presença, respondo: — Tudo bem! E terminou o assunto. Explicar constrange.
O que mais me atormenta é que os amigos e familiares usam o mesmo bordão para me acalmar:
— Vai passar.
Não é um conselho alegre. Não me tranquiliza saber que terminaremos.
É uma advertência que me desespera. Não gostaria que passasse.
Eles não entendem que não sofro porque o amor acabou, sofro para não acabar o amor.
Sou contrário ao término, me oponho à nossa extinção.
Sou o único que resiste contra o fim de nossa história.
Eu não quero que passe. Mas sei que vai passar.
Sei que o amor vai morrer desidratado, faminto, por absoluta falta de cuidado.
Vai passar, infelizmente.
Tudo o que a gente construiu junto vai passar.
Tudo o que a gente idealizou, inventou e armou vai passar.
O lugar no peito que recebia seu rosto para dormir vai passar.
Nossos apelidos, nossos chamados, nossas piadas vão passar.
Por mais que acredite que seja impossível, irei namorar de novo, me apaixonar, casar e rir docemente sem culpa.
Vai passar.
Não superamos os medos, sucumbimos na segunda crise, desistimos de insistir.
Somos fracos, somos influenciáveis, somos tolos.
Foi muita incompetência de nossa parte.
Não seremos inesquecíveis.
Vai passar.

Por Fabrício Carpinejar, o homem da minha vida.

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